terça-feira, 19 de agosto de 2008

Dizem que não há nada que você não se acostume!

Desde criança se alguém me perguntasse se eu teria mais pânico de uma cobra peçonhenta, um révolver na cabeça ou uma gota de sangue, certamente eu me apavoraria muito mais diante do inocente tecido conjuntivo líquido que circula pelo sistema vascular sanguíneo dos aninais vertebrados e que tem como função a manutenção da vida do organismo.
Sempre fui do tipo que desmaiava ao ver um simples corte... E quando me machucava achava que nem tinha doído... Até olhar aquele líquido vermelho escorrendo e abrir o berreiro! E o fiasco para doar sangue? Chorava e meu braço tremia só de olhar para aquela bolsa!
Mas a vida, a vida essa sim é uma caixinha de surpresas...
Sou estudante do Curso de Comunicação Institucional e bizarramente durante o primeiro período da faculdade vim estagiar na Divisão de Assistência á Saúde , vulgo enfermaria, da universidade em que estudo... Naquele momento esse estágio era tentador. Eu teria a tranquilidade que há tempos não tinha em nenhum emprego... E precisava daquilo... A vida é cíclica, hoje necessito de um Estágio/Emprego que exija o máximo de mim... Que eu tenha bastante reponsabilidades, tarefas... Mas ali meu objetivo era outro! Eu tinha tempo, conforto e paz!

Então fui descobrindo o que se faz em uma enfermaria de uma universidade:
  • Mede a pressão de hipocondríacos
  • Cuida de bêbados
  • Distribui a rodo remédios para dores de cabeças, cólicas e azias
  • Controla a parte burrocrática de licenças e atestados médicos
  • Atende acidentes ocorridos dentro da instituição
Sim, ACIDENTES... Cortes, luxações, torsões, queimaduras... Cortes - com sangue... Eu imaginava que teria um troço ao olhar para o primeiro acidentado... Pelo menos eu já estaria na enfermaria... E de fato, quase tive um troço quando isso aconteceu!
Eu passo boa parte do tempo aqui no estágio sozinha (o que eu acho excelente)! E vira e mexe chega um ou outro cortado. Saber fazer um curativo simples, eu sempre soube ( já me ralei bastante nessa vida). No começo eu me negava, pedia pra voltar na hora que a enfermeira chegasse (quando era algo de leve) e já cheguei a chamar a Plus Santé (conveniada que faz atendimento médico emergencial aqui) para passar água oxigenada, anti-séptico e colocar bandaid no dedo de uma menina...
Até um dia que eu resolvi ceder... Enfermeira no intervavo. O cara chegou com um raladinho de nada na testa e eu vi que ele tiraria o meu sossego até eu fazer o maldito curativo... então, coloquei a luva descartável, respirei fundo e quando vi havia prestado meu primeiro atendimento cirúrgico... Depois disso eu determinei que quando o machucado fosse no dedo, eu faria o curativo... Um dia chegou um menino com o supercílio aberto! Até eu chamar a Plus o mundo já estaria ensanguentado ( o povo faz questão de se estrupiar sempre no intervalo da pobre enfermeira)... Então lá fui eu, com meu instinto Dr. House... E hoje quando me dei conta, estava acalmando uma menina enquanto com toda a serenidade do mundo tentava estancar o sangue do dedo dela, que estava com um puta corte que a princípio parecia que precisaria dar ponto!
Esse não é o estágio dos meus sonhos, mas tenho certeza que se eu superei isso, não tem Gerenciamento de Crise, Evento ou Assessoria de Imprensa que eu não dê conta...

Um comentário:

Marcos Vieira disse...

Eu concordo com cada palavra, não a nada na vida que a gente não se acostume!